Os Giros dos Santos Reis em fotografias e desenhos etnográficos

Tipo de Material
Outros
Autor Principal
Souza, Luiz Gustavo Mendel
Sexo
Homem
Código de Publicação (ISSN)
1981-3341
Código de Publicação (DOI)
https://doi.org/10.4000/pontourbe.6857
Título do periódico
Ponto Urbe - Revista do núcleo de antropologia urbana da USP
Volume
24
Ano de Publicação
2019
Local da Publicação
São Paulo
Idioma
Português
Palavras chave
ensaio fotográfico
Santos Reis
Santos Magos do Oriente
circuito
desenhos
Resumo

As folias são formadas por grupos de instrumentistas e cantadores que professam as boas novas aos anfitriões dos Santos Reis. São compostos por crianças, jovens e idosos de ambos os sexos que se responsabilizam em levar a bandeira dos santos Reis Magos às casas dos devotos. A prática do reisado representa a missão sagrada deixada pelos Santos Magos do Oriente, para que seus promesseiros anunciem o nascimento do menino Jesus e redistribuam as bênçãos por onde forem entoados os cantos, as chamadas profecias. O arcabouço ideológico que ampara os reiseiros é chamado de fundamento, um conjunto de narrativas míticas que não se encontra, necessariamente, na bíblia cristã. Refere-se a todo um conhecimento relativo às regras de etiquetas e códigos de conduta para orientação dos foliões nos seus engajamentos nas complexas relações de troca e reciprocidade que este empreendimento suscita. As folias de reis realizam circuitos de visitações às casas dos devotos em um período conhecido como giros ou jornadas e ocorrem nas madrugadas dos fins de semana dos dias 24 de dezembro ao dia 6 de janeiro, dia dos Santos Reis. Na Região Metropolitana estas saídas se prolongam até o dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião, santo padroeiro da cidade do Rio de Janeiro.

A proposta do ensaio fotográfico é apresentar os dados obtidos em campo e as imagens que serviram de inspiração para o desenvolvimento dos desenhos etnográficos que elaborei no corpo da minha tese de doutoramento (SOUZA 2017). Os desenhos como aparato etnográfico não visam substituir o recurso da foto, mas, assim como a produção da imagem pela máquina fotográfica, a escrita etnográfica e os desenhos são a possibilidade de o pesquisador construir um recorte de seu objeto de análise (KUSCHNIR 2016). Taussig (2011) afirma que a feitura do desenho, bem como a fotografia, tem a capacidade de retratar o recorte metafísico. Em muitos dos desenhos selecionados, ocorreu uma prática frutífera de tentar relacionar diversas imagens para a recomposição de alguma cena. Nesse enquadre, pude focar e retomar questões que no decorrer do campo passaram despercebidas. Os desenhos realizados no campo também proporcionam ao leitor minha experiência e perspectiva sobre a realização das saídas rituais da folia de reis (KUSCHNIR; GAMA 2014; KUSCHNIR 2016). A inspiração nas obras de Carybé está pautada pela possibilidade de reproduzir a simplicidade e o movimento contido nessas práticas de devoção popular.

Disciplina
Referência Espacial
Brasil
Habilitado
Referência Temporal
N/I
Localização Eletrônica
https://journals.openedition.org/pontourbe/6857#ndlr