Pesquisa Bibliográfica
- Durand, José Carlos
A história da arquitetura brasileira consagra as duas visitas de Le Corbusier ao país (1929 e 1936) como ocasião de um contato de rara fecundidade, cujos resultados se tornaram visíveis, a partir do último após-guerra, no êxito internacional de seus discípulos brasileiros. Em um contexto de transformações políticas aceleradas e profundas, que atingiram diretamente as relações entre campo do poder e campo cultural, sob o regime autoritário de Vargas (1930-1945), a presença de Le Corbusier coincidiu com um momento importante da competição entre engenheiros e arquitetos pela reserva do mercado de trabalho e pela conquista das grandes encomendas governamentais. A estratégia adotada por Lúcio Costa para impor o nome de Le Corbusier para o projeto da sede do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, acentua seu papel de mediador político e de animador da equipe que ‘revelou’ Oscar Niemeyer. Para avaliar a verdadeira importância da gestão política na ruptura estética então promovida, é interessante um paralelo entre arquitetura e artes plásticas: ao contrário do campo da pintura, onde o advento do mercado de arte e o declínio das Academias de Belas-Artes como instâncias de reprodução e consagração implicaram um enfraquecimento da presença do Estado, a arquitetura do século XX jamais pôde prescindir das encomendas governamentais, assim como dos gastos públicos na conservação do patrimônio e das orientações de governo no ensino de arquitetura e na política urbanística.
- Durand, José Carlos
A história da arquitetura brasileira consagra as duas visitas de Le Corbusier ao país (1929 e 1936) como ocasião de um contato de rara fecundidade, cujos resultados se tornaram visíveis a partir do último pós-guerra, no êxito internacional de seus discípulos brasileiros. Em um contexto de transformações políticas aceleradas e profundas, que atingiram diretamente as relações entre campo do poder e campo cultural, sob o regime autoritário de Vargas (1930-1945), a presença de Le Corbusier coincidiu com um momento importante da competição entre engenheiros e arquitetos pela reserva do mercado de trabalho e pela conquista das grandes encomendas governamentais. A estratégia adotada por Lúcio Costa para impor o nome de Le Corbusier para o projeto da sede do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, acentua seu papel de mediador político e de animador da equipe que revelou Oscar Niemeyer. Para avaliar a verdadeira importância da gestão política na ruptura estética entao promovida, é interessante um paralelo entre arquitetura e artes plásticas: ao contrário do campo da pintura, onde o advento do mercado de artes e o declínio das Academias de Belas-Artes como instâncias de reprodução e consagração implicaram um enfraquecimento da presença do Estado, a arquitetura do século XX jamais pode prescindir das encomendas governamentais, assim como dos gastos públicos na conservação do patrimônio e das orientações de governo no ensino da arquitetura e na política urbanística.
- Camargo, José Marcio
Tem por objetivo apresentar sugestões para reformulação da regulamentação que rege as negociações coletivas no Brasil de forma a viabilizar a obtenção de contratos coletivos mais eficientes, induzir a ganhos de produtividade do trabalho e, ao mesmo tempo, gerar uma maior igualdade na distribuição da renda na sociedade brasileira. Assim, inicialmente apresenta, as funções básicas da legislação trabalhista. Discute os objetivos que se pretende atingir com o novo desenho regulatório, chegando a propor um novo conteúdo para a realização de contratos coletivos de trabalho. Parte do pressuposto de que o sistema que regula o processo de negociações coletivas deve ter quatro objetivos : gerar eficiência no processo de negociação e no desenho dos contratos de trabalho; induzir um comportamento por parte dos trabalhadores e empregadores que resulte em ganhos de produtividade e, portanto, de salários reais, para os trabalhadores; criar poder de barganha que permita aos trabalhadores, individualmente e em grupo, se apropriar desses ganhos de produtividade; e gerar uma distribuição equânime da renda. Ao final, faz uma reflexão a respeito das conseqüências institucionais desta proposta, abordando algumas das vantagens e desvantagens dela decorrentes
- Pereira, Maria de Lourdes Dolabela
- Molina, Vera Lúcia Ignácio
- Almeida, Maria Herminia Tavares de
A experiência brasileira de privatização de empresas públicas gerou explicações distorcidas sobre o efeito que o sucesso de uma reforma econômica orientada para o mercado, que depende da existência de uma Executiva difusa, dotada de autonomia para conceber e impor estratégias de mudança que se oponham aos interesses colocados. O artigo sustenta que a privatização fez o Brasil avançar, a pesar da ausência clara de uma Executiva autônoma, através da negociação do processo de mudanças que é parte de um contexto institucional que multiplica tanto os pontos passíveis de veto quanto os autores que possuem poder de veto. Consequentemente, o sucesso passa a depender da interação dos interesses dos grupos que são contra e a favor da privatização, sem constrangimentos institucionais, bem como das idéias dominantes entre os atores relevantes a respeito do papel e do escopo do setor público.
- Rodrigues, Gilse Elisa
- Costa, Sérgio
O artigo procura demonstrar que a recente difusão das preocupações ambientais no setor de transportes no Brasil se deve menos à força política de agentes ambientalizados que à efetividade dos constrangimentos públicos, tanto jurídico-institucionais quanto políticos e morais, a ações ambientalmente deletérias. Esses constrangimentos bloqueiam a continuidade da tradição rodoviarista brasileira e limitam o espectro de valores e as linhas de ação disponíveis para os agentes. Os conflitos gerados por esta configuração são analisados aqui a partir de um caso paradigmático, a constituição de um conflito ambiental em torno do programa hidroviário no plano Brasil em Ação, do primeiro governo FHC.
- Borges, Urquiza Maria
- Martinho, Lenira Menezes
Na primeira parte - a) Caixeiros e Pés Descalços: conflitos e tensões em um meio urbano em desenvolvimento - aprofunda a análise do papel político dos caixeiros no movimento da Independência e no início da Regência, faz um estudo da história social das firmas portuguesas do Rio de Janeiro e engloba a questão da cidadania e da mobilidade social na transição da Colônia para Estado-Nação. A segunda parte - Comércio e Política: o enraizamento de interesses mercantis portugueses no Rio de Janeiro (1808-1830) - aborda a questão do nepotismo e das origens das elites dirigentes do Primeiro Reinado, traçando o perfil social dos negociantes de grosso trato e do seu papel político na época da Independência.
- Puntschart, William
- Fausto, Boris
Trta-se de uma história familiar na qual o autor, em certo ponto, torna-se figura central da narrativa. Relta um pouco da imigração, da cidade de São Paulo da década de 20 até o início dos anos 50, do mundo dos negócios do café, da sociedade escolar, etc. Toma por base, principalmente, sua memória dos fatos e o relato dos parentes.
- Ana Paula Cruz Carvalho da Hora
A partir de 1850, com o fim do tráfico de escravos africanos para o Brasil, a principal fonte de cativos para as regiões mais prósperas, principalmente Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, foi o Nordeste. Nesse contexto, a Bahia foi uma das grandes fornecedoras de mão de obra cativa, e Feira de Santana teve uma acentuada participação nessa nova realidade, uma vez que compradores se associavam a comerciantes e agropecuaristas locais com a finalidade de comprar e vender escravos para fora da província. O objetivo desse trabalho é investigar o comércio de escravos que se estabeleceu em Feira de Santana entre 1850 a 1888, bem como a participação de grandes e pequenos agropecuaristas e comerciantes da cidade nesse negócio e as formas que encontraram para obter lucros com esse tipo de comércio. Com isso, além de discutir algumas das experiências das pessoas escravas nesta região, buscamos demonstrar a importância da mão de obra cativa para a economia da Feira de Santana Oitocentista, contrapondo a tese de Rollie E. Poppino de que o escravo representou um papel pouco importante na economia do município. Discutiremos, também, as leis e regulamentos tributários que incidiram sobre o comércio de cativos na Bahia, considerando divergências políticas e as motivações que havia por trás dessas leis. Além disso, analisaremos como parte da sociedade se posicionava diante dessa realidade e como o interior da Bahia se inseriu nesse contexto. Para tanto utilizamos como fonte escrituras de compra e venda, cartas de alforria, procurações, jornais, relatórios de autoridades, Anaes da Assembleia Legislativa da Bahia, Atas da Câmara Municipal de Feira de Santana, processo crime e a “Legislação da Província da Bahia sobre o negro”.
- Assad, Fernando Amiky
A questão habitacional vem se configurando no mundo como um dos temas de maior relevância da atualidade. As projeções indicam que em 2030, 40% da população mundial deverá viver em moradias precárias, e 25% simplesmente não terão onde morar. O Brasil possui hoje um déficit habitacional de 5,546 milhões de domicílios, e cerca de 11 milhões de moradias já construídas sem infraestrutura adequada. Apesar de a grande maioria desse déficit estar concentrado na faixa da população com rendimentos familiares mensais de até três salários mínimos, a política habitacional brasileira tradicionalmente privilegiou a produção de moradias para camadas mais abastadas. A base da pirâmide, que tem pouco acesso às novas unidades habitacionais produzidas, tampouco goza de políticas de apoio à melhoria das condições de suas residências, normalmente localizadas em áreas periféricas e com infraestrutura precária. Este estudo se propôs a analisar os desafios e oportunidades para a estruturação de negócios sociais na área da habitação, no Brasil. Este tipo de negócio tem como objetivo principal contribuir com a resolução de algum problema social crítico, utilizando, para isso, mecanismos de mercado. Para atender aos objetivos propostos, foi realizada uma pesquisa-ação junto a um grupo de moradores da Favela da Erundina, localizada na Zona Sul da cidade de São Paulo. Tendo a questão da reforma como foco específico de análise, foi possível constatar que os aspectos de assistência técnica em reforma, voltadas a demandas não coletivas; a disponibilidade de mão de obra qualificada; a gestão de materiais e o acesso a crédito, são os principais fatores críticos para a estruturação de um negócio social na comunidade voltado a esse fim.
- Vieira, Celma Rosa
Procura evidenciar algumas questões referentes à identidade da mulher negra e empregada doméstica no Brasil. A partir do dado de que na sua quase totalidade as mulheres que trabalham como empregadas domésticas são negras e levando-se em conta toda a ideologia do embranquecimento existente no Brasil, busca desenvolver um trabalho que evidencie como essas mulheres tratam e se relacionam com a questão racial e como vivenciam no cotidiano a realidade do seu trabalho. Sua hipótese é de que a questão racial dentro do universo da empregada doméstica se constitui em fator secundário, relegado a segundo plano dentro da pauta de reivindicação defendida por elas, em favor da luta de classe.
- Schwarcz, Lilia Moritz
Este livro representa um dos resultados de um projeto maior, conjuntamente realizado pela Estação Ciência e pelos professores do Departamento de Antropolgoia da USP. Coloca em questão vários mitos, muitas vezes pouco mencionados: o suposto caráter pacífico da escravidão brasileira, a importância do tráfico negreiro, a realidade dos quilombos e sua persistência, a alardeada democracia racial. A intenção do livro, dessa maneira, é sobretudo introduzir o leitor nesse universo complexo e refletor sobre contradições presentes em nossa sociedade. Os artigos foram escritos, em sua maior parte, por pesquisadores da USP e Unicamp, e procuram analisar o caráter polêmico desse racismo à brasileira.
- Miranda, Eliana da Silva
O objeto deste trabalho é o estudo da Gloriosa Irmandade de São Benedito, em meados do século XIX.
Busquei pesquisar uma religiosidade negra em um período onde o negro era condicionado a ser uma mercadoria de troca e venda. Aos olhos de hoje, essa religiosidade era baseada em muitos mitos, crendices e temores. Busquei resgatar uma história que somente hoje, timidamente, começa a ser contada.
Acreditava-se que a irmandade fosse uma instituição homogênea. Percebi isto não só em relação à irmandade pesquisada mas, também em relação às outras irmandades, baseando-me em estudos feitos por outros autores.
Os resultados de pesquisa tiveram como fonte a irmandade estudada, jornais da época, sites da Internet e livros.
Apesar da escassez de documentos e da complexidade do tema, a pesquisa consegue lançar um olhar novo sobre um objeto original e inédito.
- Figueiredo, Ângela Lúcia Silva
No Brasil, a ascensão social dos negros tem sido abordada até então de forma maniqueísta, enfatizando-se sempre a problemática do embranquecimento ou o drama psicológico a que estão submetidos os negros em ascensão social - sugerindo um contradição inerente entre ser negro e ocupar melhores posições na estratificação social. É importante lembrar que a categoria negro é formada pela associação entre fenótipo e cultura. Portanto, ser negro é vivenciar nas práticas quotidianas os aspectos identificados como pertencentes à cultura negra. O paper apresenta a história de vida de uma mulher - negra e profissional liberal - com o objetivo de demonstrar como identidade negra e ascensão social não se excluem reciprocamente.
- Conceição, Fernando
- Sansone, Livio