Pesquisa Bibliográfica
- Figueiredo, Ângela Lúcia Silva
No Brasil, a ascensão social dos negros tem sido abordada até então de forma maniqueísta, enfatizando-se sempre a problemática do embranquecimento ou o drama psicológico a que estão submetidos os negros em ascensão social - sugerindo um contradição inerente entre ser negro e ocupar melhores posições na estratificação social. É importante lembrar que a categoria negro é formada pela associação entre fenótipo e cultura. Portanto, ser negro é vivenciar nas práticas quotidianas os aspectos identificados como pertencentes à cultura negra. O paper apresenta a história de vida de uma mulher - negra e profissional liberal - com o objetivo de demonstrar como identidade negra e ascensão social não se excluem reciprocamente.
- Conceição, Fernando
- Sansone, Livio
- Oliveira, Jeniffer Fernandes
Dividido em duas partes, o presente artigo tem como objetivo analisar as formas de representação sobre a afroperuanidad no contexto migratório do Brasil, compreendendo como os imigrantes peruanos entendem a negritude e como eles negociam seus significados – hegemônicos e contra-hegemônicos - na sociedade acolhida, a cidade do Rio de Janeiro. Tendo como ponto de partida a premissa de que as reproduções da negritude e as identidades raciais não são essenciais, mas elaboradas de forma relacional, contextual e diaspórica, este trabalho analisará em que medida o deslocamento para fora das fronteiras nacionais do Peru continua a vigorar como um elemento relevante para a elaboração de representações do negro de origem peruana.
- Sheriff, Robin E.
- Silva, Marilene Rosa Nogueira da
Analisa a escravidão urbana procurando averiguar a participação do negro no processo de urbanização da cidade do Rio de Janeiro do século XIX. O escravo ao ganho apresenta-se como empregado em atividades diversas, tornando-se opção para preencher as necessidades de mão-de-obra. Ele passava o dia nas ruas alugando seus serviços, com a obrigação de entregar uma quantia diária ou semanalmente ao seu senhor. Afirma que esse tipo de atividade era regulamentada pela Câmara Municipal que, através de rígidas posturas procurava controlar o comércio, as licenças de escravos ao ganho, a moradia, os cuidados com a saúde, as condições de higiene dos mercados e até mesmo os castigos a que os escravos eram submetidos. Utiliza como fontes manuscritos oficiais do século XIX, encontrados no Arquivo Nacional, elaborados para atender às designações burocráticas da legislação municipal, referente à escravidão na cidade. Conclui que a escravidão ao ganho propisciou elementos de transição ao capitalismo, na medida em que favoreceu o surgimento de uma mão-de-obra treinada, de uma classe de proprietários de renda média e de formas intermediárias de salário.
- Santos, Jocélio Teles dos
Analisa os discursos oficiais dos governos estaduais baianos nas décadas de 70 e 80 sobre o que constitui o patrimônio cultural e a possível política de tombamento. Nesses discursos explicita-se conceituações, que envolvem herança africana e o afro-brasileiro, para uma política cultural baiana.
- Maués, Maria Angélica Motta
- Santos, Jaqueline Lima
Esta pesquisa tem por objetivo entender o estabelecimento do movimento Hip Hop na cidade de Sorocaba (SP) por meio da experiência negra deste município. Para chegar a tal objetivo tomou-se como referência a trajetória de vida de Márcio Brown: jovem negro que, ao relatar sua memória pautada por questões raciais, expõe elementos coletivos que nos permitem entender o momento de consolidação deste movimento em sua cidade. Intencionamos, a partir de um relato autobiográfico, explicar processos de subjetivação que levam a mobilizações político-raciais e, ao mesmo tempo, problematizar conceitos como raça, racismo, essencialismo, cultura, diáspora Africana e identidade.
- Chaia, Miguel Wady
- Moura, Glória
Assinala historicamente a participação do negro na vida econômica, social e política brasileira, enfatizando sua intervenção nas Constituições nacionais. Utilizam dados da Pesquisa de Emprego e desemprego na Grande São Paulo desenvolvida pelo convênio SEADE/DIEESE. Expõem ítens pertinentes às questões do negro, das populações indígenas e das minorias, que foram sugeridos à Assembléia Nacional Constituinte, instalada em fevereiro de 1987 para redação da futura Constituição do Brasil. Espera que, com os avanços assimilados sobre a questão racial na nova Constituição, o Brasil dê passos democráticos, olhando com mais realismo, honestidade e que busque caminhos de convivência igualitária para os que construíram o País.
- Silva, Paula Cristina da
- Soares, Reinaldo da Silva
Este estudo versa sobre os negros das camadas médias paulistanas. Analisa a identidade de classe a partir da autoclassificação e do modo como o conceito de classes sociais é construído pelos interlocutores. A intenção é instituir uma analogia com as categorias elaboradas pelos cientistas sociais. Examina o estilo de vida, utilizando como referência o consumo material e simbólico. Desta forma, busca a especificidade do grupo em relação a gostos e preferências. Problematiza a questão da identidade racial a começar pela auto-identificação quanto à raça e classe, além de analisar quais são os fatores utilizados como referência para a construção da idéia de pertencimento étnico. Investiga as representações sociais dos negros de classe média, isto é, busca compreender como estes percebem a sociedade, a imagem que fazem de si mesmos e como julgam ser avaliados pela sociedade global.
- Acevedo, Rosa
A partir de ações de resistência de remanescentes de quilombos, deu-se início a uma nova formação social com mais de 200 anos de presença no território ocupado, localizado na região do Trombetas, na Amazônia. Esta população formada originalmente pelos escravos fugidos organiza-se basicamente pelo uso comum da terra através de uma economia agro-extrativa. A naálise desenvolvida pelas autoras concentra-se basicamente na compreensão dos movimentos e políticas sociais engendradas por esses grupos, especialmente os de Trombetas, Filhos do Rio, como também por diversas associações e centros. Tais entidades que defendem os interesses de grupos minoritários, são de grande relevância para a região, pois lutam pela preservação de sua identidade contra os grandes projetos de construção de hidrelétricas e extração mineral. Projetos estes que não consideram as relações de troca desses grupos com o ambiente e acabam por depredá-lo, conseqüentemente ameaçando a possibilidade de continuidade desses grupos.
- Bairros, Luiza Helena de
- Cruz, Ricardo Alexandre da
Este trabalho aborda a trajetória de dois professores negros: José Rubino de Oliveira e Eunice A. J. Prudente. O primeiro, de seleiro em Sorocaba tornou-se professor da Academia Jurídica de São Paulo, no século XIX, em pleno período escravocrata. A segunda, nascida no século XX, filha de operários, torna-se a primeira professora negra da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, além de ocupar outros cargos de destaque. Nesse sentido, o trabalho objetivou identificar quais foram as estratégias empreendidas por esses sujeitos que lhes possibilitaram construir uma trajetória marcada por ascensão educacional e social. A fim de identificar quais foram as estratégias empregadas pelos dois professores, buscou-se reconstruir as suas trajetórias e para isso foram utilizadas, no caso do professor José Rubino, as obras dos memorialistas da Academia de São Paulo Almeida Nogueira (1907-1912) e Spencer Vampré (1977). Em relação à professora Eunice recorreu-se á entrevista. A análise dos dados revelou que tanto a professora Eunice como o professor José Rubino utilizaram um conjunto de estratégias como a de se valer da ajuda de terceiros, isto é, do capital social, a estratégia do concurso público, entre outras. Ao se analisar a trajetória inicial do professor José Rubino, ocorrida no século XIX, e da professora Eunice, ocorrida no século XX, constata-se que essas estratégias utilizadas por eles se mostraram suficientemente fortes, pois providenciaram que ambos chegassem a um certo momento de suas trajetórias de posse de um volume significativo de capital cultural e social que lhes renderam ascensão social. Os dados permitiram constatar também que todas as estratégias efetuadas pelo professor José Rubino (com exceção da entrada dele no seminário) foram utilizadas pela professora Eunice Prudente apesar de suas trajetórias estarem abrigadas em contextos diferentes. Essa constatação é importante porque sugere que algumas dificuldades (reveladas pelas estratégias utilizadas pelos dois sujeitos) enfrentadas pelo professor José Rubino, no passado, tem similaridade com as enfrentadas pela professora Eunice Prudente, no presente, como foi apresentado neste trabalho.
- Maio, Marcos Chor
Reconstitui o processo de formação e atuação de uma aliança política liderada por negros e judeus - a Frente Contra o Racismo, criada no Rio de Janeiro, em 1992 -, apresentando ainda breve cronologia dos atos neonazistas no país e as reações da sociedade civil e do Estado a esses atos.
- Teixeira, Moema de Poli
- Meireles, Lidia Celestino
- Cunha, Manuela Carneiro da