Tendo como justificativa a importância, no cenário musical brasileiro, do grupo de rap Racionais MC’s, além da forte estima de que o mesmo gozaria tanto frente ao chamado movimento hip-hop quanto junto à juventude de comunidades “periféricas” espalhadas pelo país, o presente trabalho apresenta, dentre os seus objetivos, a necessidade de compreender os fundamentos bem como os modos de expressão do discurso racial proferido pelo grupo. Para tanto, buscou-se, de início, traçar um histórico do racismo no ocidente, ocasião em que foram ressaltadas as diferentes formas depreciativas pelas quais o negro, sobretudo brasileiro, foi representado ao longo do tempo. Em seguida, buscou-se apontar os fundamentos mais evidentes do discurso do grupo de rap paulistano, dentre eles, a leitura que fizera Mano Brown da autobiografia do líder negro norte-americano Malcolm X. Também se buscou demonstrar, além do contexto socioeconômico que teria permitido o surgimento de um grupo como o Racionais, os fatores pelos quais este mesmo grupo explicaria a casualidade de um sujeito dito “periférico” perceber-se envolvido com o “mundo do crime” – mesmo que tais fatores custassem aos quatro rappers críticas as mais severas. Procurou-se discutir, por fim, a eventualidade de Mano Brown e o seu grupo assumirem um compromisso, ainda que por meio da música, com a transformação “revolucionária” da sociedade brasileira.