Discute a relação entre as estratégias adotadas pelas famílias para sobreviverem e as estruturas sociais globais nas quais essas estão inseridas. Sugere a adoção de uma nova forma de organizar os dados sobre participação na produção social através da incorporação dos indivíduos - quase sempre mulheres - ocupados em executar afazeres domésticos para os que trabalham fora, e do deslocamento dos desocupados para a categoria dos que não trabalham. Os dados apenas sugerem, de forma secundária, as transformações pelas quais vem passando a estrutura produtiva brasileira nos últimos anos. As famílias colocam seus membros na força de trabalho ou os retiram conforme as oportunidades oferecidas pelo mercado, mas também de acordo com a posição que eles ocupam dentro da família. No caso da mulher, o impacto da estrutura produtiva não se dá de forma tão direta, mas é contrabalhançado pelos efeitos do ciclo de vida em que ela se encontra, ou seja: se é filha solteira, casada sem filhos, casada com filhos, etc. Em suma, a posição no grupo familiar e a situação de classe vão dizer se a mulher pode sair ou não do lar, mas é a estrutura produtiva, em última instância, que vai determinar as possibilidades reais que ela tem de fazê-lo. As alterações introduzidas na forma de organizar os dados tornam evidente, através das estatísticas oficiais, aquilo que feministas e pesquisadoras vêm dizendo há algum tempo: o trabalho doméstico, que é indispensável para a sobrevivência e a reprodução das famílias, ocupa maciçamente as mulheres.
A Família, a Estrutura Social e as Formas de Participação na Produção Social
Tipo de Material
Artigo de Periódico
Autor Principal
Bruschini, Cristina
Título do periódico
Cadernos CERU,
Volume
n.18, mai.
Ano de Publicação
1983
Local da Publicação
São Paulo
Idioma
Português
Palavras chave
atividades produtivas
estratégias de sobrevivência
estrutura social
família
formas de participação
Resumo
Disciplina
Área Temática
Referência Espacial
Brasil
Habilitado
Referência Temporal
1973-1976