Dos Cortiços às Favelas e aos Edifícios de Apartamentos - a modernização da moradia no Rio de Janeiro

Esboça a história da moradia na cidade do Rio de Janeiro, a partir das habitações populares coletivas e insalubres surgidas no século XIX, durante o processo de urbanização e industrialização que então se iniciava. Acompanha passo a passo as transformações dos espaços urbanos e da habitação, delineia uma seqüência de tipos arquitetônicos claramente definidos, começando com as estalagens, cortiços, e casas-de-cômodos, passando pelas avenidas, e chegando às vilas. Observa, depois, o processo de verticalização, com edifícios de apartamentos e, paralelamente, o desenvolvimento das favelas, que assinalam as desigualdades sociais no espaço urbano. Aborda a origem histórica da favela, referindo-se ao Morro da Providência, Morro de Santo Antônio, da Mangueira e do Salgueiro. Procura detectar algumas relações entre as formas do cortiço e da favela, e entre a modernização da cidade-moradia e a exclusão sócio-espacial. Chama a atenção para o fato de a modernização da moradia implicar em uma série de melhoramentos de ordem higiênica, espacial e construtiva que foram sendo incorporados pela ação do mercado e/ou do Estado, processo acompanhado de forte exclusão social que afasta os grupos de menores rendimentos dos benefícios da modernização. Ironicamente, esses melhoramentos vêm sendo adotados em nome da solução do problema da moradia. O artigo procura ampliar os horizontes da discussão sobre os significados da modernização, em particular a urbana e a da moradia, refletindo sobre a questão da habitação, articulada a algumas abordagens sobre a modernidade.