Mangueira e Império: a carnavalização do poder pelas escolas de samba

Descreve o resultado de um projeto de pesquisa - 1994/1997 - sobre o carnaval carioca, com especial interesse por formas, imagens, modos de interação, hábitos e costumes capazes de provocar uma reflexão sobre essa festa, e também compreender a especificidade de determinados setores de nossa sociedade que, no passado, contribuíram de forma significativa para a música popular brasileira. Baseado na investigação de arquivos no Rio de Janeiro e entrevistas com participantes das escolas de samba Mangueira e Império Serrano, o artigo considera que os conflitos inerentes às práticas e significados relativos aos desfiles e concursos de escolas de samba, tanto envolvem a consciência de seus atores sobre esses conflitos, quanto os aspectos históricos e estruturais além do seu domínio. Percebe o surgimento das escolas de samba como um reflexo da associação entre a expressão musical extremamente criativa de parte da população carioca, as políticas governamentais, o mercado de bens culturais e os interesses da mídia. Observa essas escolas hoje como empresas milionárias - quase todas controladas pelos donos do jogo do bicho ou do tráfico de drogas -, exercendo atualmente funções de Estado e mercado junto às comunidades. Finalmente, conclui que, os setores da contravenção modificam antigas mediações políticas e sociais, contribuindo para a carnavalização do poder.