Pesquisa Bibliográfica

  • Santos, Carlos Nelson Ferreira dos

    O artigo discute questões de planejamento autoritário versus planejamento democrático. Elabora uma análise crítica do planejamento urbano brasileiro, destacando o fato de, no momento, o maior impasse enfrentado por este residir na propriedade da terra.

  • Nakano, Anderson Kazuo

    Este trabalho tem como objetivo analisar quatro grandes conjuntos habitacionais produzidos pela Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo - COHAB/SP localizados na zona leste do município de São Paulo: Sapopemba, Itaquera, José Bonifácio e Cidade Tiradentes. Essa análise parte de um entendimento dos processos urbanos como disputas sociais por localizações na cidade. Tais disputas são baseadas em jogos de poder que envolvem ações de controle e domínio sobre o espaço, responsáveis pela conformação dos vários territórios urbanos, inclusive as próprias COHABs. Procura comparar, a partir de indicadores extraídos do Censo Demográfico do IBGE, a realidade sócio-espacial das COHABs com o conjunto de distritos da zona leste paulistana e com o município de São Paulo como um todo. A partir de fotos aéreas mostrando a área de cada COHAB em um momento antes e outro depois da implantação do empreendimento habitacional, verifica-se a sua relação com o processo de urbanização mais geral. A análise procura também trazer a voz de algumas pessoas que estiveram diretamente envolvidas em um violento processo de disputa territorial na cidade de São Paulo na última década. Trata-se de moradores da favela junto ao córrego Águas Espraiadas, no Brooklin, próximo à avenida marginal ao rio Pinheiros, que foi removida para a passagem de um avenida construída para melhorar o acesso viário a uma parte da cidade. As pessoas entrevistadas foram morar no conjunto habitacional Barro Branco II, parte da COHAB Cidade Tiradentes. As falas mostram as evidências da rede de relações de poder e contra-poder ativadas no processo de disputa socio-territorial que move a máquina segregatória de produção do território urbano.

  • Kon, Anita

    Aborda a experiência brasileira de planejamento econômico e governamental federal, analisando os planos implementados e suas conseqüências. Observa, ainda, a conduçao da política econômica na busca da correçao dos desajustes causados por fatores exógenos aos planos, originados por condiçoes internas ou externas ao País. Considera que, particularmente, os planos postos em prática a partir da década de 80, dadas as condiçoes econômicas do País, tiveram a característica de se dedicar especificamente à estabilizaçao da economia e, portanto, por natureza, foram parciais e com preocupaçao prioritária de curto prazo, sem a globalidade e abrangência de um plano de desenvolvimento.

  • Abramo, Pedro
  • Rezende, Vera Lúcia Ferreira Motta
  • Carvalho, Maria Alice Rezende de

    Reúne para todos os usos e tipos de leitor, parte de sua ensaística acadêmica sobre a singularíssima paisagem social dos cariocas. Ao final do século XX o tema da cidade impõe uma revisitação à sua história, pois o espaço do convívio público, a experiência da comunicação e as noções políticas de cidadania e representação contrastam vivamente com o cenário social e cultural das grandes metrópoles. Recorre às tradições disciplinares da sociologia e da história para entender a dramática trajetória que fez da violência uma cultura, e da política clientelista um mecanismo de reprodução da exclusão popular do mundo dos direitos e das liberdades.

  • Telles, Lygia Fagundes
  • Lima, William da Silva
  • Brito Sousa Ribeiro, Carla

    Esta pesquisa se orientou pela abordagem etnográfica do museu afro Brasil, tendo em vista levantar aspectos que permitissem refletir sobre o conceito e as ideias de "afro" da instituição. O conceito, que norteia a concepção curatorial no afro Brasil, se revelou como um imaginário próprio, composto pelo arranjo de objetos de toda a sorte de categorias, que junto a instalações e elementos de cenografia, comunicam o "afro" ao público de uma maneira aberta. O acompanhamento da rotina institucional também possibilitou perceber que este "afro" transcende a narrativa curatorial, pois é evidenciado na visão política dos colaboradores do museu que atuam na comunicação com o público visitante, principalmente através de seus educadores. remontar os percursos, tanto do idealizador e realizador do afro Brasil, Emanoel Araújo, quanto dos conceitos que fizeram parte da concepção do museu no formato das exposições que o precederam, auxiliou a pensar a institucionalização do "afro" e os modos como essa noção vem sendo moldada atualmente através de um processo criativo conjunto.

  • Miguez, Paulo

    Enfoca a dimensão organizacional do Carnaval baiano. O objetivo é realizar um mapeamento dos principais arranjos que dão forma à festa e identificar seus atores. Apresenta vários quadros que informam sobre a tipologia das organizações carnavalescas baianas tomando como critério a temática, o suporte musical, o local e o calendário do desfile. Este estudo pretende chamar a atenção para o caráter de negócio estratégico do carnaval baiano dada a crescente complexificação organizacional de seus atores e dos seus arranjos institucionais, tanto públicos quanto privados.

  • Ferreira, Fernando da Costa

    O presente artigo procura identificar e classificar os principais tipos de torcedores encontrados no Maracanã, após a observação, ao longo dos anos de 2015 e 2016, de cinquenta e uma partidas realizadas no estádio. Reinaugurado em 2013, após uma longa reforma/reconstrução, o mítico equipamento esportivo carioca ressurgiu com o seu interior completamente descaracterizado, concebido como uma arena para um público de maior poder aquisitivo, disposto a obedecer a rígidas normas de conduta. Em nome de um discurso de inclusão de grupos tradicionalmente excluídos do antigo estádio e partindo de uma associação equivocada entre comportamento do público e classe social, o filtro da exclusão passou de sociocultural para socioeconômico. Entretanto, a resistência empreendida por diferentes grupos de torcedores, fez com que o espaço concebido pelos atores hegemônicos não conseguisse se impor plenamente sobre o espaço vivido pelo público frequentador.

  • Valladares, Licia do Prado

    Constata o crescimento do comércio formal moderno e da oferta de serviços especializados nas favelas do Rio de Janeiro, em especial na Rocinha. Afirma que a imagem da favela que nos chega através da imprensa e do cinema não corresponde a essas transformações. Ambas insistem na birosca, no barraco, na criação de aves e animais, nos becos imundos, nos terreiros de umbanda, na preparação para o carnaval e, mais recentemente, no tráfico, como os traços mais representativos dessas localidades. Chama a atenção para a impossibilidade de manter o velho discurso sobre a favela carioca, no qual ela aparece como o território-mor da pobreza e da cultura popular, um enclave dentro da cidade, excluído dos processos econômicos gerais, a outra metade de uma cidade partida onde a vida local se reduz à violência e à pobreza. E aponta os dogmas que inspiram quem pensa, age e olha as favelas de fora, para tentar entender os motivos da insistência nas representações da antiga favela e da associação entre favela e pobreza: a singularidade da favela; a favela enquanto locus da pobreza; o tratamento político e analítico da favela enquanto unidade. O artigo conclui apontando a necessidade de comparar as favelas com outras áreas da cidade para discutir a especificidade ou não desses espaços, e afirmando que falar da favela como a outra metade da cidade é cair em uma visão dualista, é desconhecer a cidade como uma totalidade, ainda que desigual.

  • Silva, Denise Ferreira da

    Por todo o século XX, a crítica da subalternização das populações de cor nos espaços sociais modernos foi governada pela idéia de que exclusão é o meio privilegiado de exercício do poder racializado. Nesta comunicação, eu questiono essa visão que domina demandas por justiça racial. Enquanto defendo a necessidade de leis contra discriminação racial e medidas para implementar ação afirmativa, eu acredito que considerações de justiça racial devem ir além da lógica do racismo para incorporar formas mais sutis de exercício do poder racializado. Para avançar este argumento, eu comparo a construção discursiva de dois casos de violência (terror) policial contra a população negra, o caso de vigário Geral, no Rio de Janeiro, e o caso Amadou Diallo, em Nova York. Meu objetivo aqui é identificar uma dimensão do poder racializado que não pode ser capturada pela lógica do racismo. Meu argumento é de que essa forma de injustiça racial é produto das estratégias de conhecimento que produz o sujeito racializado subalterno como um sujeito social perigoso. Esse discurso constitui-se um instrumento privilegiado de poder racializado exatamente porque ele se esconde e permite a construção da raça/cor como um significante de violência.

  • Motta, Marly Silva da

    O objetivo deste artigo é refletir sobre o debate - especialmente o desenvolvido no âmbito da imprensa e do Congresso - que presidiu a definição do futuro político da cidade do Rio de Janeiro por ocasião da transferência da capital para Brasília. A idéia básica é demonstrar que as diversas proposições então apresentadas ligaram-se, ao mesmo tempo, em duas sintonias: no passado centenário de capital da cidade e nos interesses mais imediatos da conjuntura política. Partindo desta hipótese, o artigo pretende mostrar a tensão - entre o passado de capital e o presente de estado, entre a continuidade e a ruptura em relação à herança do Distrito Federal - que marcou a instituição de uma experiência única na federação,a cidade-estado da Guanabara.

  • Grabois, José
  • Silva, Ana Amélia da

    Focaliza a ação direta de massas dentro do contexto mais amplo dos conflitos sociais, ressaltando que a redefinição do potencial político dos quebra-quebras nos trens de subúrbio na Grande São Paulo, provém da socialização que emerge da participação dos atores em outras formas de luta, organizações e movimentos populares.

  • Silva, Ana Amélia da

    Sistematiza um conjunto de reflexões sobre a intervenção de um aparato de Estado (Fepasa - Ferrovias Paulistas S.A.) através da prestação de um serviço público, o trem de subúrbio, e o caráter das lutas e protestos que emergem de uma reação das classes trabalhadoras, os quebra-quebras de trens e estações. Tanto na análise da Fepasa como organização, quanto de sua Política de Remodelação (ou modernização) dos Subúrbios - PRS, o objetivo é destacar as formas e o conteúdo pelos quais o Estado tenta equacionar e administrar a questão social implícita na provisão e gestão dos serviços de consumo coletivo, entendendo essa questão, assim como o acesso de várias parcelas da população urbana aos serviços públicos, fundamentais para sua reprodução enquanto força de trabalho.

  • Valladares, Licia do Prado

    Analisa as condições objetivas que propiciaram a emergência dos quebra-quebras dentro dos canteiros de obra do Metrô do Rio de Janeiro. Discute as características da força de trabalho arregimentada pelas grandes construtoras, retrata as condições de vida e de trabalho dos operários, a dinâmica e a sequência das revoltas, bem como suas repercussões nas relações da Cia. do Metropolitano com as grandes subempreiteiras, e o significado e a eficácia dos quebra-quebras como forma de luta. O artigo sugere que o Movimento dos Operários do Metrô, ofereceu insumos ao movimento que mais tarde ganharia amplitude nacional, e considera as revoltas como um instrumento eficaz de pressão.

  • Assunção, Sulamita Jesus de

    Esta dissertação pretende conhecer as ações, de cunho feminista-política-artística, desenvolvidas na periferia sul da cidade de São Paulo, pelas mulheres negras e lésbicas negras organizadas em coletivos. A pesquisa intenciona apresentar como esses encontros possibilitam narrativas que subvertem os discursos racistas e sexistas, para contribuir com novas produções de sentidos para as experiências individuais e coletivas. Observa-se que as atividades e intervenções empreendidas pelas mulheres oferecem caminhos possíveis de rompimento com a discriminação, estigma e submissão atribuídos pelos marcadores sociais de gênero, raça, sexualidade e classe. Para acompanhar a atuação das mulheres neste cenário, uma vez que suas narrativas e práticas também partem do plano crítico incomum em que estou inserida, foram realizadas observações a partir da pesquisa-ação participante nas atividades produzidas, análise dos materiais elaborados por elas, entrevistas individuais com três mulheres e um grupo focal. A epistemologia feminista é utilizada, apoiada nas perspectivas feministas negras, lésbicas e latino-americanas, referenciais que se mostram apropriados, pois refletem sobre as experiências de opressão de diferentes mulheres em variados contextos.