Pesquisa Bibliográfica

  • Damasceno, Ângela Nunes
  • Sawyer, Diana Oya
  • Lazarte, Rolando

    Numa revisão da literatura sobre as migrações internas no Brasil na última década - especialmente as orientadas para a Região Metropolitana de São Paulo -, discute alguns aspectos relativos à inserção ocupacional dos migrantes no período e aponta certas questões acerca do diálogo entre a teoria e os dados.

  • Lazarte, Rolando

    É possível distinguir duas vertentes básicas de explicação da pobreza das periferias urbanas a partir das migrações. Uma delas acentua a desqualificação e a inexperiência da mão-de-obra e a incapacidade da economia metropolitana para assimilá-la. A outra corrente vê nas migrações um mecanismo estrutural de realimentação do exército de reserva.

  • Neves, Delma Pessanha

    A rua, concebida como espaço público, se organiza por referência a instituições e sistema de hierarquias que definem e legitimam os papéis que nela vão sendo construídos e reconhecidos. A coexistência da pluralidade de usos, de interesses e de atividades se torna possível por negociações recorrentes, que objetivam a construção de acordos ou consentimentos forçados. Os indivíduos que a ela cedem, visando se integrar criativamente a um modo de vida e/ou um conjunto de atividades produtivas, devem se inserir numa rede de comunicação, de troca de informação, de apoio e de aliança de interesses. O artigo analisa a rede de formação complexa que tangencia os representantes das múltiplas ordens que investem na gestão do espaço público e os reconhecidos moradores de rua e os trabalhadores de rua.

  • Almendra Filho, Dinaldo Sepúlveda

    O objetivo desta dissertação é investigar o entretenimento e seus diferentes suportes midiáticos, tomando como objeto de estudo o fenômeno de proliferação de narrativas sobre a Casa de Detenção de São Paulo, o presídio do Carandiru. Desde 2 de outubro de 1992, data do massacre de 111 detentos pela Polícia Militar, até os dias de hoje, a memória do complexo penitenciário foi operacionalizada e mercadorizada como uma fonte infinita de histórias a serem vendidas em um mercado cultural acolhedor e de grande audiência. O Carandiru, seu mundo desconhecido e misterioso, bem como as experiências de vida dos detentos que nele habitaram foram transformados em produtos de consumo capazes de gerar não apenas um estrondoso sucesso comercial, mas, também, a possibilidade de variação dos bens culturais sobre a prisão em inúmeros formatos, trabalhados e configurados, nos mais distintos setores da indústria e do comércio, como o editorial, o cinematográfico, o televisivo, o fonográfico, o radiofônico, o fotográfico, o jornalístico, o turístico e o das artes plásticas e cênicas. Diante deste contexto, estudamos os múltiplos modos de apropriação da memória da cadeia e dos seus presos, assim como os deslizamentos do livro Estação Carandiru, de Drauzio Varella, por diferentes suportes, entre eles o cinema e a TV, num esforço para compreender como o fascínio pelo crime, o trauma dessa trágica memória e a lucrativa cultura de massas se entrelaçaram em uma intrigante trama midiática.

  • Bolaffi, Gabriel

    Examina os mitos concernentes à política habitacional do BNH e instituições a ele vinculadas, detendo-se no falso problema do tamanho ideal para conjuntos habitacionais, na questão da participação da população nos chamados mutirões e na temática das habitações de aluguel. Ressalta que os mutirões devem ser utilizados apenas quando constituísem a melhor solução para um problema concreto e não como meio para ampliar uma participação parcial, particularista e deformada da população pobre. O artigo conclui que é necessário ampliar os canais de participação da população, por meio da educação e da comunicação de massa para atingir a verdadeira democracia.

  • Marques, Eduardo Cesar

    A literatura brasileira sobre saúde coletiva tem recuperado a temática espacial em seu universo de preocupações nos últimos anos. São diversos os trabalhos tematizando padrões espaciais de distribuição de quadros nosológicos e a interação entre estes e os processos que cercam a produção do espaço. O presente texto pretende contribuir para este esforço através da apresentação panorâmica e crítica da literatura sobre modelos de estruturação intra-urbana. Esta literatura tem diversas origens disciplinares e pode ser muito útil para as discussões da saúde coletiva graças a sua capacidade de estruturar o espaço de análise, desde que sejam tomados cuidados com a relação a sua aplicação e interpretação. Apresentamos inicialmente três tradições que produziram modelos e continuam exercendo forte influência sobre os estudos urbanos: a ecologia urbana, a economia/geografia urbana e a literatura brasileira que adaptou o modelo concêntrico para o estudo da cidade do Rio de Janeiro. Acrescentamos a estes um quarto, que exemplifica a utilização de modelos não definidos a priori para um grande número de análises, mas produzidos de forma específica para o estudo em questão, utilizando dados e informações relativas ao fenômeno em análise.

  • Araujo, Marcelo Mattos

    Esta tese coloca a questão da historicidade dos acervos de museus como um fator essencial na estruturação da relação museológica e indicador de perspectivas de trabalho para os processos de musealização. Analisa o ingresso das quatro primeiras obras de arte moderna no acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

  • Ribeiro, Luiz Cesar de Queiróz

    O paper traça o perfil social da população residente em favelas na metrópole do Rio de Janeiro valendo-se de dois enfoques analíticos: a heterogeneidade social no interior do universo estudado e a distância social entre essa população e aquela em seu entorno. Reflete sobre a imagem da favela como o locus principal da pobreza excludente, analisando para isso os indicadores de ocupação, renda, instrução, padrão familiar, migração, cor e idade, construídos com os dados do Censo de 1991 e da Contagem de 1996.

  • Fernandes, Maria Zélia Pereira

    Neste artigo nos propomos a analisar a moradia e as condições de trabalho dos Catadores de Lixo de Campina Grande. Esta condição de trabalho tem sido também uma das estratégias de sobre­vivência utilizada pela população des­empregada e sem qualificação profissional do município de Campina Grande no Estado da Paraíba, de modo a compreender como essa ativi­dade "permite" sua reprodução social e de sua família. Para entendermos essa estratégia, resgatamos todo o processo de produ­ção na catação de lixo. Analisamos a construção do espaço social, onde se articulam produção e moradia; as con­dições de trabalho; a comercialização do lixo e as condições de vida desses trabalhadores - nível de renda, mora­dia, padrão alimentar, saúde e educa­ção. Para tanto, utilizamo-nos de uma pesquisa tipo participativa, na qual fo­ram aplicados questionários e entrevis­tados 50 chefes de família, no período de fevereiro a junho de 1990.

  • Cruz, Henrique Dias da

    Avalia o progresso vivido pela cidade do Rio de Janeiro a partir do Estado Novo. Cita as obras recentes de urbanização para, em seguida, analisar mais detidamente a transformação social e sanitária dos morros com favelas. O livro constata o efeito positivo da legislação trabalhista, que transforma em passado a marginalização dos moradores das favelas. Daquele momento em diante, o favelado seria valorizado como qualquer outro trabalhador, e a favela reconhecida por sua expressão social e pela música popular. Discorre sobre as alterações no bairro de Santa Teresa, o desmonte do Morro de Santo Antônio e a presença da música popular no Morro da Mangueira.

  • Beiguelman, Paula

    Define geográfica e ecologicamente os morros santistas, indentificando suas áreas de importância econômica, as principais ocupações dos bairros e as características físicas e sociais da população local, concluindo que são os morros santistas uma região tipicamente operária.

  • Carli, Diana Wiggers De

    Neste trabalho foi feita uma etnografia de eventos onde foram realizadas sessões de psicografia de cartas para entes queridos, em Florianópolis, que não mantêm vínculo com a Federação Espírita Brasileira (FEB). Foram visitados também, em São Paulo, um centro e um grupo espírita, vinculados a FEB, onde também são realizadas sessões de psicografia de cartas. E a partir da observação realizada nestes locais foi possível realizar comparações entre estas sessões apontando semelhanças e divergências, identificando nos eventos uma manifestação variante do espiritismo kardecista tradicional. Um dos interesses foi o de mostrar como acontecem essas diferentes sessões espíritas kardecistas, atentando para a forma como o médium psicógrafo promove o contato entre o plano espiritual e terreno para produzir as cartas. Identificamos assim, dois padrões: o dos eventos e o das casas vinculadas à FEB. Essa distinção possibilitou identificarmos uma “agência psicográfica” advinda de um tradicional sistema religioso espírita kardecista, que organiza-se de forma independente das federações, e que organiza grandes eventos de psicografia abertos ao público.

  • CASTRO, Matheus Fernandes de

    O objetivo desta pesquisa consiste em descrever as táticas e estratégias, desenvolvidas nas práticas cotidianas das pessoas que se encontram trabalhando como motoboys, na cidade de São Paulo (Brasil), para encontrarem alternativas e continuarem nessa atividade, diante de todas as adversidades da profissão e das contingências do espaço urbano. Levamos em consideração as ações produzidas por dois grupos de motoboys: o Canal Motoboy, que busca se organizar coletivamente, a partir de um projeto artístico, e produzir uma nova realidade para si e para a sua categoria profissional; e os motoboys de um grupo farmacêutico, que ganham a vida fazendo entregas de remédios pela grande São Paulo. O referencial teórico fundamenta-se em autores como Certeau, Sato, Santos e Oliva. Em termos metodológicos, valho-me da abordagem etnográfica, o que me levou a estabelecer uma convivência junto aos grupos de motoboys: com o Canal Motoboy, mantive uma convivência prolongada de mais de seis meses, no ano de 2007, frequentando, semanalmente, suas reuniões; com os motoqueiros do grupo farmacêutico, estabeleci uma convivência diária de duas semanas, em uma segunda etapa do campo, que se realizou no mês de julho de 2010. Os resultados apontam para a produção de táticas e estratégias nas práticas cotidianas que visam a estabelecer uma equilibração de forças entre os motoqueiros e o espaço da cidade: os motoboys ressignificam o espaço que se forma entre os carros, nas ruas, as determinações legais para o exercício de suas atividades de trabalho, os preconceitos sociais sobre a categoria, sua importância para o fluxo de coisas, na cidade, e tentam cumprir suas atribuições, buscando evitar os riscos dos acidentes de trânsito. Pudemos constatar, também, as articulações dos motoboys diante dos interesses de diversos setores sociais e econômicos que procuraram unir-se a eles, como: ONGs, associações da categoria, sindicatos, universidades, centros de pesquisas e empresas do setor motociclístico. Como trabalhadores onipresentes em uma das maiores metrópoles do mundo, os motoboys são alvos de interesses diversos e alguns procuram encontrar vantagens nessa situação, para se estruturarem enquanto uma rede social. Observamos ainda que os motoqueiros descrevem suas atividades cotidianas como uma luta pela sobrevivência, diante das contingências do espaço da cidade

  • SILVA, Ricardo Barbosa da

    A atividade profissional dos motoboys é um fenômeno urbano bastante recente e cada vez mais integrada à paisagem urbana de São Paulo. Devido ao seu rápido e exponencial crescimento, aliado à dinâmica e a natureza de sua atividade profissional, os motoboys passam a ser alvos certos e constantes nas mais diversas controvérsias no trânsito paulistano. Entrementes, esta pesquisa visa desmistificar o surgimento dessa atividade profissional para além de um sentido de espontaneidade, como também, deslocar o foco de sua dinâmica ligado aos conflitos no trânsito. Mas, antes de tudo, tentar compreender a natureza de sua atividade profissional como produto e necessidade de um contexto histórico de fin de siècle, revelando parte das transformações sócio-espaciais na cidade de São Paulo na transição do século XX para o XXI, encarnando dois pólos de um mesmo problema, a partir da nova condição da cidade e do mundo do trabalho.

  • Bidarra, Zelimar Soares
  • Acselrad, Henri

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  • Neuhold, Roberta dos Reis

    Esta dissertação analisa as experiências dos movimentos de moradia e sem teto que reivindicam políticas habitacionais para a população de baixa renda na área central da cidade de São Paulo. Indaga-se em que medida a sua principal estratégia de pressão as ocupações de imóveis ociosos inseriu novos critérios de julgamento nos debates sobre a reabilitação da área central, o que inclui o direito das camadas pobres habitarem uma região consolidada da cidade. A investigação recorreu à pesquisa bibliográfica, documental (em jornais e nos arquivos dos movimentos) e de campo (visita aos prédios ocupados), bem como a entrevistas com os coordenadores dos movimentos de moradia e sem-teto. Foram identificadas mais de setenta ocupações de prédios e terrenos vazios, públicos e privados, realizados entre 1997 e 2007. Confirmou-se a hipótese de que os movimentos de moradia e sem-teto conseguiram expor suas reivindicações, viabilizar a inclusão de parcela dos seus integrantes em diferentes linhas de atendimento habitacional e se tornar protagonistas de projetos inéditos de reforma e reciclagem de imóveis abandonados na área central para o uso residencial. Entretanto, a despeito dessas conquistas, a postura do poder público frente às suas demandas alternou-se entre, de um lado, o uso da violência institucional, que silencia e desqualifica as formas de dissenso, e, de outro lado, o desenvolvimento de políticas que permaneceram afastadas da perspectiva de universalização de direitos.

  • Santos, Lucia Leitão